quarta-feira, 1 de julho de 2009

Abaixo do solo

Só pra não dizer que eu abandonei o barco de vez resolvi escrever. E como muita gente me pergunta o que eu ando ouvindo ultimamente vou abrir o jogo e comentar os discos que não saem do meu HD mental. Se der certo, toda quarta por aqui. Pra começar o álbum Ordem de Despejo, do grupo Subsolo.
Na real esse disco nem é tão novo assim, mas aí só fui escutar esses dias. Os desalojados do projeto Quinto Andar revolvem trocar de ares, mas ao invés de se mudarem para aquela cobertura duplex preferiram cavar um buraco ainda mais fundo no underground do rap nacional. Letras cavernosas flutuam vacilantes sobre bases fragmentadas. Músicas sobre morte, cegueira, depressão, violência e toda sorte que houver nessa vida. Escreveram por aí que parece um tratado sobre a condição do jovem brasileiro no mundo moderno. Sei lá. Mas se você espera uma continuação do antigo grupo esquece. Verdade que ainda existe espaço pra esperança (e algum humor), mas os tempos de zoeira ficaram bem longe no tempo. Provavelmente não vai tocar na rádio nem na festinha da faculdade. Mesmo assim os anos de caminhada e o amadurecimento fizeram bem aos caras. Ninguém ali ainda se ilude. Pé no chão é pouco. Enraizados debaixo da terra. Desce o elevador.

Destaque: o batidão minimalista Rio Babilônia. Ficou curioso? Ouve aqui. Sinistro!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Admite-se blogueiro

Sem experiência prévia necessária
Não precisa saber escrever, nem estar bem informado
Paga-se salário baixo
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Obrigado

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Geração Atari

Quando os produtores de cinema de Hollywood forem adaptar “Necromancer” – clássico da ficção científica e bíblia do cyberpunk – eles precisarão contratar para a trilha sonora o produtor alemão Jan Gleichmar (A.K.A. Disrupt), um dos fundadores do selo Jahtari.

A idéia por trás da Jahtari é simples: misturar música jamaicana com a cultura dos games. Pode até parecer brincadeira de criança, mas o negócio é sério. Envolve artistas do mundo inteiro, todos interligados por uma rede invisível de fios e idéias. Algo bem parecido com o futuro relatado no romance.

O apanhado de diferentes produtores trabalhando sob a sombra de uma causa comum faz da Jahtari um dos pólos musicais mais interessantes da atualidade. Fato que pode ser comprovado escutando qualquer um dos inúmeros lançamentos virtuais e físicos (EPs, mixtapes, coletâneas, discos e vinis).

Mas verdade seja dita: essa história de misturar dub com vídeo game não vem de hoje. Um dos grandes expoentes do gênero, o produtor jamaicano Scientist (discípulo de King Tubby), já tinha chamuscado alguns beats de jogos eletrônicos nos idos dos 80, em álbuns como Scientist Meets the Space Invaders e Scientist Encounters Pac-Man.

Disrupt & Cia sabem da dívida com o cientista e também com professor maluco. Ambos foram os primeiros a ousarem ir além dentro de um gênero que começava a dar sinais de estagnação. Porém, os artistas da Geração Atari não procuram simplesmente emular o som desses grandes mestres. Ao contrário, preferem seguir caminhos alternativos ao incorporar influências atuais, vindas de gêneros como a eletrônica, o hip-hop e o próprio dubstep (esse último como uma rua de mão dupla).

Chegaremos em 2010 com o dub revitalizado e mais relevante do que nunca. Parece que a ficção cientifica pode se tornar um documentário.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

PROJETO DHARMA

EU tava ali ocupado com a vida que até me esqueço de escrever por aqui. talvez não tenha nada de bom pra falar e nessas horas manda o senso comum manter a matraca trancada. peixe morre pela boca engasgado com uma mosca, já dizia minha tia.

ESSE ano começou agitado ou é só impressão?

PELO menos pra mim foram vários acontecimentos... e eu nem tive condições de anotar a placa do caminhão. mas pra que se importar afinal? como um mantra maluco tento repetir pra mim mesmo: é melhor ligar o foda-se!

TIPO aquela música da Leme. “vamos aproveitar, gastar o que entrar, sem pensar no que vem meu bem, só com nota de 100”.

ONTEM acabou a luz e o silêncio proclamou-se senhor dos MUNDOS. fazia tempo que aquele sobrevivente não dormia tão bem. nada como um sono acumulado e depois acordar sem despertador.

DIZEM que as paredes tremeram com as luzes acendendo na madrugada. os televisores urraram com alegria contida. mas ninguém se importou com o barulho dos aparelhos.

DEPOIS do susto a maré volta pra encher o rio. levanto por um instante para recolher os frutos trazidos pelo mar. uma estranha sensação invade o quintal de casa.

E VOCÊ? vai bem ou tá tipos esses caras na U.T.I.? Se pã, você morreu e não sabe...

COLOCA essa ilha de volta no lugar!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Vá de retrô!

Finalmente 2009 chegou! Hora de botar ordem na casa. Dieta? Exercício físico? Promessas? Claro que sim. Mas antes eu faço uma viagem no tempo e volto ao (já) longínquo 2008. É isso mesmo que você tá pensando, seguindo a tradição a Besta começa o ano comentando os principais álbuns lançados no ano passado. Mas antes, recapitulando: 100 anos de imigração japonesa/50 anos de Bossa Nova/50 anos de Madonna/50 anos de Micheal Jackson (auuh!). A novidade esse ano é a adição de discos nacionais, até porque a produção musical brasileira vai muito bem, obrigado. Bom, segue aí o meu Top 10. Faça um favor à você mesmo e corre atrás:

The Odd Couple, Gnarls Barkley {Depois do bombástico álbum de estréia o estranho casal retorna ainda melhor nesse segundo trabalho. Cee-lo e Danger Mouse conseguem ir além em suas funções, extrapolando texturas sonoras e elevando o padrão para outros artistas e produtores}.

Slime & Reason, Roots Manuva {Envolvente mistura de gêneros: grime, dancehall, club-rap, entre outros. O clima aqui é urbano, esfumaçado, tétrico e verborrágico. Verdadeiro som de periferia do novo milênio. Pra quem gosta existe ainda um disco duplo com ensolaradas versões dub}.

Many Things, Seun Kuti {O filho (mais novo) do Fela quebra tudo em seu debute em pleno século XXI. Com apenas 26 anos o músico consegue transportar a gênese do gênero para dias atuais, sem perder a força musical e/ou conteúdo das letras. Seun é acompanhado pela segunda banda do pai, a Egypt 80, e mostra com quantos sopros se faz um Afrobeat}.

New Amerykah Part One, Erykah Badu {Disco conceitual cabeçudo que tinha tudo pra dar errado. Mas a mensagem é diluída em boas doses de funk, hip-hop e soul, e o resultado final é excelente. Diferentes produtores dão forma e peso aos mandamentos do baduísmo, ecos de Motown, Funkadelic e J. Dilla}.

Dear Science, TV on the Radio {Talvez o melhor disco do ano no (indie) rock. Groove poderoso, clima envolvente, conceitos amarrados. O satélite dos caras está voltado para estrelas de galáxias distantes; enquanto que os dois pés continuam atolados na terra molhada}.

Rising Down, The Roots {Quando vários dos integrantes resolveram abandonar a banda parecia que o barco afundaria. Mas aí os remanescentes (o cabeça do grupo, o baterista ?uestlove e o coração, o MC Black Thought) voltam trazendo esse petardo sinistro . As centenas de participações especiais não atrapalham, pelo contrário, mostram o quanto de munição ainda sobra no cartucho}.

London Zoo, The Bug {É até pleonasmo colocar esse álbum na lista de melhores porque ele já apareceu (ou vai aparecer) em tudo quanto é retrospectiva. Mesmo assim o disco impressiona pela contemporaneidade e universalidade. Tanto faz. Pra quem gosta de dub tribal ou rave jamaicana. Ou isso que chamam de dubstep, que na verdade é o velho dub feito para as pistas. E eu que achava que clubber não escutava reggae}.

Vitrola Adubada, Buguinha Dub {Produtor musical, agitador cultural, DJ e mestre da fertilização natural, o pernambucano Buguinha estréia cercado de amigos próximos para soltar uma bolacha pesada e necessária. Ah, engana-se quem acredita que só tem dub. Pedrada sobre pedrada}

Carnaval no Inferno, Eddie {Lançado no final do ano, o disco supera o anterior (Metropolitano) por trazer composições mais complexas e incorporar outras influências ausentes nos trabalhos anteriores (como o frevo e a bossa). Pode não superar os primeiros trabalhos do grupo, mas mostra novas direções à (sempre fina) mistura de ritmos dos caras}.

Estudando a Bossa, Tom Zé {Bem-humorada homenagem a Bossa Nova. O baiano/paulista encarna o “carioca inspirado” nas composições e nas letras (algumas em parceria com Arnaldo Antunes). O músico ainda é acompanhado por um dream team de cantoras nacionais; novas e veteranas}.

Menções honrosas:

Modern Guilt, Beck {A produção do rato (no ano do rato!) resultou no melhor disco do cientoartista desde Odelay}.

Japan Pop Show, Curumin {O baterista/sambista continua sua tragetória com esse ótimo segundo disco. E me falaram que agora tá tocando na rádio. Demoro}.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O FILHO DO HOMEM


"A mente adora imagens cujo significado é desconhecido, uma vez que o próprio significado da mente é desconhecido"
René Magritte (1898-1967)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

The year of the mouse

Sei que ando ausente. Os dias passam na velocidade de um pavio de bomba e o blog fica encostado. Em minha defesa apelo ao senso de final de ano, aquele que diz: trabalho, trabalho, trabalho. Não dá nem tempo pra pensar. Quando menos se espera, pow!, outro final de ano, mais um bloquinho de Lego no castelo, outra peça qualquer da engrenagem de uma peça só... sem contar que dezembro chove; principalmente pra quem vai passar a virada na cidade natal. Antes da chuva, porém, o calor e a seca! Quantos banhos você toma por dia? Pois então, questionamentos fazem-se necessários em momentos extremos. Meditação ajuda, principalmente a técnica do urso. Aliais, foi o polar um dos primeiros a falarem que esse seria “O” ano. Significados variados. O ano passou rápido? Ou será que devagar?

"Se o barato é lento e o processo é louco, deixa eu nagevar sem piloto" filósofo anônimo